segunda-feira, 23 de março de 2015

Religião e Ciência - Religião ou Ciência.


Introdução
A Bíblia diz: “Deus colocou a eternidade no coração do homem” (Ec 3.11). Estatísticas recentes mostram que o Brasil continua sendo um país muito religioso -- apenas 7,35% se declara sem religião (isto não quer dizer que não creiam em alguma coisa, apenas que não se identificam com as religiões oficiais). Destes, a predominância é absoluta do Catolicismo (74%) e Protestantismo (16,2%) – ou seja, do Cristianismo em geral. Um dos impactos destes números para a academia é este: a grande maioria de professores e alunos são religiosos. Num ambiente onde predomina o espírito científico, como é a academia, como se desenvolve a relação entre ciência e o Cristianismo?

Maneiras de ver a relação entre ciência e Cristianismo

1. Conflito
O primeiro modelo é o do conflito. Este modelo, chamado de cientificismo, diz que a ciência moderna destruiu as reivindicações da teologia tradicional. Os pensadores cristãos antigos, muito frequentemente, invocavam a Deus como resposta para aquilo que a filosofia natural e a ciência não podiam ainda explicar, como Newton, que atribuiu a Deus as irregularidades nas órbitas dos planetas que não se encaixavam na sua teoria astronômica. O conflito ocorre, portanto, quando a ciência descobre uma explicação para aquilo que era antes atribuído a uma ação direta de Deus. Fica parecendo que a responsabilidade de Deus como governador do mundo fica diminuída mais e mais à medida que a ciência passa a explicar o sobrenatural e o misterioso.
Contudo, esta visão de Deus não é aquela do Cristianismo reformado. O Deus da Bíblia não é um deus ex machina a ser invocado quando alguém precisa de uma explicação para o incompreensível, mas Ele é a causa de todas as coisas. Tudo no mundo depende de Deus, regularidade e irregularidade.
O conflito entre ciência e Cristianismo pode também provocar uma reação do lado de cristãos, que tomam uma atitude anti-intelectual. Aqui a ciência é vista como uma alternativa inferior, incompatível com o Cristianismo, pois rejeita as ações de Deus e as considera como irrelevantes.
2. Adaptação em um outro modelo, o da adaptação, o Cristianismo tradicional é redefinido para se encaixar melhor nas mudanças no conhecimento científico. Neste modelo, a Bíblia é vista como uma coleção antiga de mitos e estórias piedosas que refletem a fé de Israel e dos cristãos primitivos. Um exemplo são as idéias de Teilhard de Chardin, teólogo católico. O problema com esta abordagem é que parte aprioristicamente da tese que a razão determina a realidade. Assim sendo, os elementos transcendentes do Cristianismo são reduzidos, logo de partida, a mitos e lendas piedosos, visto que não se encaixam na visão de mundo adotada pelo racionalismo.
3. A “Nova Síntese”Este modelo defende uma transformação radical tanto da ciência quanto da teologia, possibilitando uma síntese entre ambos. Ele tem sido defendido por grupos ligados à religiões orientais, a Nova Era, Shirley McLaine e outros grupos minoritários. Esta combinação de pseudo-ciência duvidosa e de uma heterodoxia pseudo-teológica é um modelo inadequado para quem deseja levar tanto a ciência quanto o Cristianismo a sério.
4. Compartimentalismo
Este modelo entende que ciência e Cristianismo estão tratando de dois campos completamente distintos. Eles nos dão diferentes informações sobre coisas diferentes e não há campo comum entre eles. A ciência não tem absolutamente nada a dizer ao Cristianismo e o reverso também é verdade. E já que não têm nada em comum, um conflito entre eles é totalmente impossível. Esta perspectiva se inspira no dualismo kantiano que jogou a fé para o andar de cima, para longe do alcance da análise racional. Ele é insatisfatório, pois pensadores cristãos não gostam da ideia de que aquilo que creem é simplesmente um salto no escuro, ou que se refere a uma realidade distinta da nossa.
5. Complementarismo
“Ciência e Teologia nos dizem coisas diferentes acerca da mesma coisa. Cada uma delas, quando coerente com suas próprias e autênticas capacidades, provêm perspectivas válidas sobre a natureza da realidade de pontos-de-vista diferentes. É tarefa dos indivíduos e das comunidades integrar estas duas percepções para obter uma visão coerente e adequada da realidade”.
O modelo complementarista entende que as diferentes percepções da ciência e do Cristianismo aplicam-se ao mesmo mundo e frequentemente aos mesmos eventos. A Natureza é vista como a revelação geral de Deus e a Bíblia como a revelação especial. A realidade é composta de níveis diferentes, cada um deles requerendo um modo diferente de explicação. Estas descrições diferentes se complementam e proporcionam uma percepção mais profunda do mundo.
A propriedade e relevância de cada uma destas percepções dependerá da pergunta feita, do contexto e da necessidade. Assim, uma resposta, numa certa altura, poderá ser mais apropriada que a outra.
Eu gostaria de sugerir que diante dos seguintes fatores, um modelo complementarista é o mais adequado e correto para nós, como Universidade confessional:
1. Pelas estatísticas, que mostram que não podemos deixar a questão da religião e da fé – e especialmente do Cristianismo – do lado de fora da academia.
2. Pela confessionalidade que professamos institucionalmente. Somos nós, mais que outros setores da academia, que podemos entender de forma adequada a relação entre ciência e Cristianismo.
3. Pela relação histórica entre Cristianismo e ciência moderna. Em homilias anteriores tenho mencionado como o Cristianismo contribuiu para o surgimento da ciência.
4. Pelo fato que nenhuma abordagem isolada pode responder de forma completa às questões que os seres humanos geralmente fazem. 
Augustus Nicodemus Lopes
Chanceler

Encontrei esta matéria na internet e achei muito interessante e quis compartilhar com vocês, não é algo que devemos dizer sim ou não, mas devemos refletir muito sobre o assunto.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Base encontrada na Lua

Em uma noite comum, estiver fazendo umas imagens da Lua, e algo me chamou a atenção, uso uma câmera Nikon Superzoom, é de meu costume fazer ...